sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Copa 2014


Copa 2014 – Comunidades se mobilizam contra políticas de remoções no Rio de Janeiro

Tatiana Félix
Jornalista da Adital


Agência: Adital

Antonieta Rodrigues é moradora da Comunidade do Campinho, no Rio de Janeiro (RJ), há seis anos. De repente, sem que fosse avisada, ela se vê pressionada pela prefeitura da cidade para deixar sua casa e ir para um apartamento no bairro Cosmos, há cerca de 1h30 do Campinho. Assim como ela, centenas de pessoas começam a sentir e a se mobilizar diante das políticas de remoções que fazem parte das obras estruturantes para os eventos que o país sediará nos próximos anos.

O motivo dessa remoção no Rio de Janeiro tem como fundo a construção da Transcarioca, uma via projetada para ligar o Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim à Barra da Tijuca, um projeto que faz parte das obras para a Copa de 2014, e que tem como uma das sedes, a cidade carioca.

Mas, Antonieta, assim como outras 60 famílias que formam a Comunidade do Campinho, não concorda com o modo com que a prefeitura vem tentando ‘resolver’ a questão. E por isso, farão uma manifestação a partir das 7h de amanhã (2), no Largo do Campinho, para protestar contra a imposição e o desrespeito da prefeitura com essas famílias. O Largo do Campinho fica entre as avenidas Intendente Magalhães e Ernani Cardoso, e entre as ruas Cândido Benício e Domingo Lopes.

A reivindicação dos 300 moradores da comunidade é por respeito e consideração pelas suas dificuldades, já que, segundo eles, a prefeitura vem agindo com ameaça, chantagem e pressão. "As remoções não são feitas com respeito e dignidade. São feitas por imposição e de forma violenta”, conta Alexandre Magalhães, da Rede de Comunicadores e Movimentos contra a violência.

A crítica dos moradores é pela forma de tratamento da prefeitura, "que não é transparente”, e que inclusive, se recusa a explicar o projeto. "Em nenhum momento se abordou os direitos dos moradores”, disse Alexandre.

"Aqui no Campinho, a prefeitura está impondo que a gente vá para o Cosmos, mas têm pessoas que moram aqui há 40 anos. Eles não oferecem opções pra gente escolher. Falam que só tem o Cosmos. Mas a prefeitura tinha que dar assistência pra gente, dando opções pra gente escolher”, avalia Antonieta. "Ninguém está ouvindo nossas dificuldades”, desabafa.

Segundo ela, um apartamento no Cosmos não resolverá o problema de muitas famílias que trabalham próximo ao Campinho ou que têm filhos que estudam na região. "Aqui está a nossa vida. Se aqui já está difícil, imagine lá que é longe. Tem famílias que tem 5 filhos e trabalham aqui perto para não ficarem longe das crianças. Lá em Cosmos, como eles vão fazer? Onde eles vão deixar essas crianças?”, questiona.

Com a manifestação de amanhã, Alexandre espera que toda a população carioca saiba o que está acontecendo no Campinho. "O que nós queremos é que eles venham ouvir a gente e as nossas dificuldades”, acrescenta Antonieta.

"É preciso barrar a política de remoções da prefeitura. A Copa do Mundo e as Olimpíadas não podem ser usadas para limpar a cidade dos pobres”, afirmam. Em outras cidades do país, que igualmente sediarão a Copa do Mundo, também há mobilizações contrárias à desocupação de áreas que viabilizem os projetos do evento.

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