A Igreja
do Brasil há cerca de 50 anos entendeu que o tempo da Quaresma poderia
ser um momento propício para incrementar uma evangelização libertadora.
Surgiu, então, a Campanha da Fraternidade, instrumento que ao longo dos
anos virou um marco importante na caminhada eclesial à luz do espírito
da Constituição Conciliar Gaudium et Spes e dez anos mais tarde da Evangelii Nuntiandi.
Neste ano de 2015, cinquentenário da Gaudium et Spes
a Campanha da Fraternidade volta a desafiar as comunidades cristãs e os
próprios cristãos a refletirem e voltar ao espírito que animou a Igreja
conciliar que assim se exprimia: “As alegrias e as esperanças, as
tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de
todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as
tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade
alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração... Por
este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero
humano e à sua história” (GS 1).
O
tema escolhido: “Igreja e sociedade” e o lema: “Eu vim para servir” (Mc
10,44) são convites claros para retomarmos a dimensão profética –
sociopolítica do nosso tempo, em que os desafios para a evangelização
exigem que sejamos uma Igreja em saída, evangélica, humilde, que sabe
escutar, caminhar e curvar-se sobre uma humanidade caída, colocando
sempre no centro, a pessoa humana muitas vezes considerada mercadoria.
A
Campanha da Fraternidade deste ano vem fortalecer o espírito e a ação da
Pastoral Carcerária e das Pastorais Sociais. Ajuda ainda a refletir e
assumir o que papa Francisco afirma claramente como programa da sua ação
pastoral como bispo de Roma no quarto capítulo da Evangelii Gaudium, tratando e apresentando a Dimensão Social da Evangelização como essencial para o anúncio do Reino de Deus.
É um
fato que para a Pastoral Carcerária o “eu vim para servir” constitui a
essência de sua ação que a faz ser presença consoladora e de promoção da
vida humana, particularmente junto às pessoas mais excluídas,
pisoteadas, humilhadas, encarceradas, privadas de sua liberdade,
torturadas, espancadas mostrando para elas o rosto e as atitudes de um
Deus misericordioso, de alguém que não se cansa de amar.
A
Campanha da Fraternidade 2015 é uma ótima ocasião para ajudar a Igreja
no Brasil e particularmente os cristãos, a uma compreensão e valorização
das pastorais sociais que, em muitos casos são de fronteira devido à
sua ação, opção e ao âmbito em que operam e isso pode ser a oportunidade
para derrubar muros, barreiras, preconceitos. Esse esforço ajuda as
comunidades, as pessoas e ao mesmo tempo Igreja em saída, samaritana,
discípula e missionária.
Essa é a
conversão, a mudança que precisamos realizar para vencermos a tentação
dos intimismos, das verdades pré-concebidas, dos dogmatismos, onde a lei
do templo ainda é forte. A Campanha da Fraternidade nos guia e nos
transforma pela força do Espírito e pela escuta da Palavra de Deus.
Somos chamados a sermos realmente servos de uma humanidade que precisa
mais de testemunhos do que de mestres, de atitudes do que de discursos
bonitos.
Pe. Gianfranco Graziola, IMC, é vice-coordenador nacional da Pastoral Carcerária.
Fonte: www.pom;org.br
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