quarta-feira, 11 de março de 2015

Campanha da Fraternidade: um desafio pela Pastoral diária da Igreja

A Igreja do Brasil há cerca de 50 anos entendeu que o tempo da Quaresma poderia ser um momento propício para incrementar uma evangelização libertadora. Surgiu, então, a Campanha da Fraternidade, instrumento que ao longo dos anos virou um marco importante na caminhada eclesial à luz do espírito da Constituição Conciliar Gaudium et Spes e dez anos mais tarde da Evangelii Nuntiandi.
  
Neste ano de 2015, cinquentenário da Gaudium et Spes a Campanha da Fraternidade volta a desafiar as comunidades cristãs e os próprios cristãos a refletirem e voltar ao espírito que animou a Igreja conciliar que assim se exprimia: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração... Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história” (GS 1).

 
O tema escolhido: “Igreja e sociedade” e o lema: “Eu vim para servir” (Mc 10,44) são convites claros para retomarmos a dimensão profética – sociopolítica do nosso tempo, em que os desafios para a evangelização exigem que sejamos uma Igreja em saída, evangélica, humilde, que sabe escutar, caminhar e curvar-se sobre uma humanidade caída, colocando sempre no centro, a pessoa humana muitas vezes considerada mercadoria.

A Campanha da Fraternidade deste ano vem fortalecer o espírito e a ação da Pastoral Carcerária e das Pastorais Sociais. Ajuda ainda a refletir e assumir o que papa Francisco afirma claramente como programa da sua ação pastoral como bispo de Roma no quarto capítulo da Evangelii Gaudium, tratando e apresentando a Dimensão Social da Evangelização como essencial para o anúncio do Reino de Deus.

É um fato que para a Pastoral Carcerária o “eu vim para servir” constitui a essência de sua ação que a faz ser presença consoladora e de promoção da vida humana, particularmente junto às pessoas mais excluídas, pisoteadas, humilhadas, encarceradas, privadas de sua liberdade, torturadas, espancadas mostrando para elas o rosto e as atitudes de um Deus misericordioso, de alguém que não se cansa de amar.

A Campanha da Fraternidade 2015 é uma ótima ocasião para ajudar a Igreja no Brasil e particularmente os cristãos, a uma compreensão e valorização das pastorais sociais que, em muitos casos são de fronteira devido à sua ação, opção e ao âmbito em que operam e isso pode ser a oportunidade para derrubar muros, barreiras, preconceitos. Esse esforço ajuda as comunidades, as pessoas e ao mesmo tempo Igreja em saída, samaritana, discípula e missionária.

Essa é a conversão, a mudança que precisamos realizar para vencermos a tentação dos intimismos, das verdades pré-concebidas, dos dogmatismos, onde a lei do templo ainda é forte. A Campanha da Fraternidade nos guia e nos transforma pela força do Espírito e pela escuta da Palavra de Deus. Somos chamados a sermos realmente servos de uma humanidade que precisa mais de testemunhos do que de mestres, de atitudes do que de discursos bonitos.

Pe. Gianfranco Graziola, IMC, é vice-coordenador nacional da Pastoral Carcerária.
Fonte: www.pom;org.br

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