O álcool mata 320 mil jovens todos os
anos e está entre as principais causas de adoecimento e morte no Brasil,
segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais de 60 tipos de doenças estão
ligados ao consumo de bebidas alcoólicas. Além disso, a maioria dos
jovens revela que o álcool foi a porta de entrada para o uso de drogas
mais pesadas.
Diante dessa tragédia, cabe perguntar
por que ainda é permitido e necessário fazer publicidade de cerveja e
outras bebidas alcoólicas na televisão e no rádio. Se a razão disso é
ganhar dinheiro, então a pergunta é: lucrar a que preço? É uma
perversidade absurda ver telejornais noticiando tragédias decorrentes do
consumo de drogas e álcool e, no intervalo comercial, faturar com
publicidade de cerveja e energéticos. Alimenta a violência ao mesmo
tempo em que pretende combatê-la. Incentiva a bebedeira e faz campanha
pela redução da idade de responsabilização penal de 18 anos para 16
anos. Chega a ser um comportamento esquizofrênico.
Nas peças publicitárias o apelo “beba
com moderação” é o que de mais cínico existe nessa irresponsabilidade.
Embora não se duvide da capacidade do ser humano em fazer suas escolhas
de forma consciente e madura, pretender que com esse alerta as pessoas
bebam com equilíbrio é muita ingenuidade. O que realmente falta é
informação e esclarecimento.
Poucos sabem que, segundo especialistas, o simples fato de ultrapassar os 30 gramas de álcool no sangue (o equivalente a três copos de chope), já causa danos a vários órgãos, como fígado, pâncreas, estômago, coração e cérebro. O álcool mata as células do fígado e mata neurônios.
Poucos sabem que, segundo especialistas, o simples fato de ultrapassar os 30 gramas de álcool no sangue (o equivalente a três copos de chope), já causa danos a vários órgãos, como fígado, pâncreas, estômago, coração e cérebro. O álcool mata as células do fígado e mata neurônios.
Na Sociedade do Espetáculo estamos
cansados de ver estrelas famosas, apresentadas como modelos de
comportamento para a venda de produtos, sofrerem um fim trágico. Apenas
para citar uma, no ano de 2011, uma das mais talentosas cantoras da
atualidade, a britânica Amy Winehouse foi mais uma vítima. Segundo o
laudo a jovem morreu por causa do abuso do álcool e drogas. Querendo ou
não, os artistas também são referência para muitos jovens e, nesse caso,
uma referência negativa. No entanto, na mídia, são apresentadas com
modelos de vida e ocupam páginas dos famosos. Que dizer das telenovelas e
do BBB?
Além das doenças, as bebidas alcoólicas
também fazem vítimas na combinação “bebida x direção”. Estima-se que 75%
das causas de mortes no trânsito estejam, de forma direta ou indireta,
ligadas ao consumo de bebidas alcoólicas. Foi positivo endurecer a pena
de quem é flagrado dirigindo sob os efeitos de álcool ou droga.
Já que criticam a inércia dos políticos e
legisladores, está na hora de os grandes meios de comunicação, em nome
da ética e como gesto de responsabilidade social, recusarem
voluntariamente de fazer publicidade de bebidas alcoólicas. Lembrando
que os meios de comunicação são concessões públicas e devem exercer uma
função social. Com um pouco de bom senso, abrindo mão do lucro, não
precisaria de uma lei para tornar drogas lícitas em drogas ilícitas. A
publicidade de tabaco foi proibida e, em nome da saúde pública, é hora
de contrapor o lobby das cervejarias com rigor e firmeza.
* Jaime C. Patias, imc, mestre em comunicação e membro do Grupo de Pesquisa Comunicação na Sociedade do Espetáculo.
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