São
esperados cerca de 250 mil fiéis para a missa de beatificação de dom
Óscar Arnulfo Romero, que ocorrerá na capital salvadorenha, San
Salvador, neste sábado (23). A comunidade católica se preparou para o
evento com uma peregrinação que ocorreu nesta sexta-feira ( 22),
partindo da catedral até a capela onde se encontra o túmulo do
arcebispo.
O país está em festa, porque a luta de Romero é mais atual do que nunca,
como confirmou o porta-voz da beatificação, padre Cesar Sanchez. “O
país explodiu em alegria, em unidade. Nos unimos todos através do sangue
de dom Romero pedindo a paz para este país, que continua sofrendo. As
palavras de dom Romero seguem vigentes. Nos encontramos num ambiente de
violência, porque há muita delinquência, organizações juvenis que
delinquem, que roubam, que matam. E hoje mais do que nunca a voz de dom
Romero é importante para nós, em El Salvador. Por isso nós estamos
felizes. É uma graça especial para este pequeno e sofrido país”.
Trajetória
Oscar
Arnulfo Romero nasceu em agosto de 1917 numa família modesta em Ciudad
Barrios (El Salvador). Aos 14 anos, ingressa no seminário, mas seis anos
depois se afasta para ajudar a família que estava com dificuldades.
Passa a trabalhar nas minas de ouro com os irmãos. Retoma os estudos e é
enviado a Roma para estudar teologia, na Pontifícia Universidade
Gregoriana. Romero é ordenado sacerdote em 1942, regressa a El Salvador e
assume uma paróquia do interior. Logo é transferido para a catedral de
San Miguel, onde fica por 20 anos. Sacerdote dedicado à oração e à
atividade pastoral, dedica-se a obras de caridade, mas sem engajamento
reconhecidamente social.
Em 1970 é
nomeado auxiliar de San Salvador. O arcebispo Luis Chávez y Gonzalez
busca atualizar a linha pastoral de acordo com o Concílio Vaticano II e a
Conferência de Medellín. Mas Romero não se identifica integralmente com
a linha pastoral proposta.
Em 1974
é nomeado bispo da diocese de Santiago de Maria, em meio a um contexto
político de forte repressão, sobretudo contra as organizações
camponesas.
Em 1977,
dom Oscar Romero é nomeado arcebispo de San Salvador. Pouco tempo
depois, é assassinado o jesuíta padre Rutílio Grande, engajado na luta
do povo e ligado a dom Oscar. Este é o momento em que ele reavalia sua
posição e se coloca corajosamente junto aos oprimidos, denunciando a
repressão, a violência do Estado e a exploração imposta ao povo pela
aliança entre os setores político-militares e econômicos, apoiada pelos
Estados Unidos. O arcebispo denuncia também a violência da guerrilha
revolucionária. Suas homilias são transmitidas pela rádio católica dando
esperança à população e provocando a fúria dos governantes.
Em
outubro de 1979, um golpe de Estado depõe o ditador Humberto Romero. Uma
junta de civis e militares assume o poder, e nesse cenário, exército e
organizações paramilitares assassinam centenas de civis (entre eles
sacerdotes). A guerrilha responde com execuções sumárias.
Em
fevereiro de 1980, dom Romero escreve ao presidente dos EUA, Jimmy
Carter, um apelo para que ele não envie ajuda militar e econômica ao
governo salvadorenho, para não financiar a repressão ao povo. Em 24 de
março do mesmo ano, dom Oscar Romero é assassinado por um
franco-atirador, enquanto celebrava a missa na capela do Hospital da
Divina Providência em São Salvador.
Sua beatificação ocorre durante o pontificado do primeiro papa latino, o papa Francisco.
Com informações Rádio Vaticano / www.pom.org.br
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