Seminário discute relação entre "Marias" da Bíblia e mulheres de hoje

Agentes pastorais, integrantes de movimentos sociais, feministas e pessoas interessadas na questão da mulher na Bíblia poderão discutir sobre o assunto no "Seminário Teológico Feminista". O evento, realizado pelo Grupo Agar do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (Cebi) do Ceará, acontecerá nos dias 9 e 10 de maio, no Centro Pastoral Maria Mãe da Igreja (Rua Rodrigues Júnior, 300 - Centro), em Fortaleza.

Terezinha Albuquerque, coordenadora do Grupo Agar, afirma que o evento é uma forma de dar visibilidade ao grupo e mostrar que o movimento feminista, além de atuar no campo político, econômico e social, também trabalha com a questão da mulher no espaço religioso, o qual é marcado por "uma supervalorização do masculino".

Com o tema "Maria Madalena e Maria de Nazaré... o que elas têm a dizer às Marias de hoje?", o encontro pretende mostrar a relação das "Marias" presentes na Bíblia com as mulheres atuais. Para isso, as participantes debaterão sobre o papel de Maria Madalena e Maria de Nazaré "a partir de uma releitura ou leitura da mulher" da Bíblia.

Terezinha explica que as mulheres são importantes na Bíblia, mas que são vistas pelo senso comum de uma forma diferente da que representam para as estudiosas. Maria Madalena, por exemplo, conhecida como pecadora, foi, segundo Terezinha, "a primeira anunciadora da ressurreição".

Já Maria de Nazaré, apresentada como uma mulher submissa, é considera pelas feministas como uma "mulher do seu tempo". "[Colocam] Maria de Nazaré como a grande santa, a mãe de Jesus, como se não fosse mulher, como uma mulher que aceita tudo. Ela foi uma mulher do seu tempo, judia que não aceita a dominação do Império Romano. Quando ela diz ‘sim’ ao projeto de Deus, ela diz ‘não’ à dominação. É um sim consciente", comenta.

Outras mulheres, de acordo com a coordenadora do grupo, são encobertas. Ela cita como exemplo o caso de Miriam, no livro de Êxodo. De acordo com ela, a profetisa teve um papel de liderança no processo de libertação dos hebreus. No entanto, "a ênfase é em Moisés".

Para Terezinha, é importante mostrar para as pessoas outra visão da Bíblia diferente daquela apresentada pela sociedade machista e patriarcal. "É preciso fazer uma desconstrução da mulher na visão tradicional da Bíblia", afirma, ressaltando que o texto religioso também é considerado um instrumento de libertação da mulher.

Programação

O "Seminário Teológico Feminista" começa na próxima segunda-feira, às 18h30, no Centro de Pastoral Maria Mãe da Igreja. Durante duas noites, as/os participantes terão a oportunidade de discutir sobre: "Maria Madalena e a proposta de uma igreja de discipulados iguais", "Desconstrução da figura de Maria de Nazaré como mulher silenciosa e obediente" e "O que estas Marias significam para as mulheres cristãs de hoje".

As inscrições seguem até as 17h30 da próxima segunda-feira no local do encontro ou através do telefone +55 (85) 3229.1092 ou correio eletrônico: cebice@cebi.org.br