O projeto, ao manter ocupações em áreas ilegalmente desmatadas 
(Artigos 68 e 69) e permitir a recuperação de apenas metade do mínimo 
necessário para proteger os rios e a biodiversidade (Artigos 61 e 62), 
condena regiões inteiras do país a conviver com rios agonizantes, 
nascentes sepultadas e espécies em extinção. Sob o pretexto de defender 
os interesses dos pequenos agricultores, esta proposta define regras que
 estenderão a anistia a quase todos os proprietários do país que 
desmataram ilegalmente.
O projeto fragiliza a proteção das florestas hoje conservadas, 
permitindo o aumento do desmatamento. Os manguezais estarão abertos à 
criação de camarão em larga escala, prejudicando os pescadores 
artesanais e os pequenos extrativistas. Os morros perderão sua proteção,
 sujeitados a novas ocupações agropecuárias que já se mostraram 
equivocadas. A floresta amazônica terá sua proteção diminuída, com suas 
imensas várzeas abertas a qualquer tipo de ocupação, prejudicando quem 
hoje as utiliza de forma sustentável. Permanecendo assim, privilegiará 
interesses de grupos específicos contrários ao bem comum.
Diferentemente do que vem sendo divulgado, este projeto não 
representa equilíbrio entre conservação e produção, mas uma clara opção 
por um modelo de desenvolvimento que desrespeita limites da ação humana.
A tão necessária proteção e a diferenciação mediante incentivos 
econômicos, que seriam direcionados a quem efetivamente protegeu as 
florestas, sobretudo aos agricultores familiares, entraram no texto como
 promessas vagas, sem indicativo concreto de que serão eficazes.
Insistimos que, no novo Código Florestal, haja equilíbrio entre 
justiça social, economia e ecologia, como uma forma de garantir e 
proteger as comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas e de 
defender os grupos que sabem produzir em interação e respeito com a 
natureza. O cuidado com a natureza significa o cuidado com o ser humano.
 É a atenção e o respeito com tudo aquilo que Deus fez e viu que era 
muito bom (cf. Gn 1,30).
O novo Código Florestal, para ser ético, deve garantir o cuidado com 
os biomas e a sobrevivência dos diferentes povos, além de preservar o 
bom uso da água e permitir o futuro saudável à humanidade e ao 
ecossistema.
Que o Senhor da vida nos ilumine para que as decisões a serem tomadas se voltem ao bem comum.
Brasília-DF, 30 de novembro de 2011
Fonte: CNBB 
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